O líder do PSDB Carlos Sampaio (SP) e os juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. registraram novo pedido de impeachment da presidente Dilma Russeff. (Foto: Clayton de Souza / Estadão Conteúdo) |
Os juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. foram nesta quinta-feira
(15) ao 4º cartório de notas de São Paulo para reconhecer firmas de um
novo pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Inicialmente, a oposição planejava fazer um aditamento a um pedido que
já tramita na Câmara elaborado por Bicudo, um dos fundadores do PT, e Reale Jr.
No entanto, os deputados oposicionistas mudaram de ideia porque, segundo o líder do PPS, Rubens Bueno (PR), a decisão do Supremo Tribunal Federal
(STF) de suspender o rito definido por Cunha para eventuais processos
de impeachment não permite aditamentos a pedidos já em tramitação.
A diferença agora é que os oposicionistas pretendem incluir no pedido
de impeachment as chamadas pedaladas fiscais (prática de atrasar
repasses a bancos públicos a fim de cumprir as metas parciais da
previsão orçamentária) realizadas em 2015.
Representação do Ministério Público encaminhada ao Tribunal de Contas da União (TCU) na última quinta-feira (8) afirma que a prática continuou sendo adotada pelo Executivo neste ano.
O novo pedido, registrado nesta quinta, deve ser levado a Brasília nesta sexta-feira (16), de acordo com os juristas.
"A expectativa que tenho é que deverá ser acolhido. Depende das pessoas que têm a varinha de condão na mão ", disse Bicudo.
Ele ainda criticou a decisão do STF de barrar o rito definido pelo
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, para a análise dos pedidos de
impeachment. "O Supremo decidiu de acordo com o PT", afirmou.
O registro do novo pedido foi acompanhado por representantes de movimentos como Brasil
Livre, Vem pra Rua e Movimento contra a Corrupção. Também estavam
presentes o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP), e a
advogada Janaina Paschoal, que também assina o documento.
Segundo o jurista Miguel Reale Jr., o novo pedido é uma reordenação,
"acrescentando referência à decisão do Tribunal de Contas da União, que
não havia ainda ocorrido [...] Não muda nada, os fatos estão aí, os
fatos são graves", prosseguiu Reale Jr.
Além de Bicudo e Reale Jr., assina o pedido a advogada Janaina Paschoal, que também compareceu ao registro. O líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP) também acompanhou.
Questionados sobre se denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) enfraquecem o pedido de impeachment, os juristas afirmaram que não.
Em relação à possibilidade de o pedido virar moeda de troca entre o presidente da Câmara e o governo – que Cunha nega
– Reale Jr. condenou a hipótese. "Enfraquece o país, nosso sentimento
de moralidade, todos nós vamos estar sendo feridos", disse.
"A posição [de Cunha] é efetivamente frágil, mas nós temos que nos
dirigir ao presidente da Câmara. Cabe a ele deferir ou indeferir",
completou Reale.
Carlos Sampaio afirmou que o PSDB já se posicionou em nota sobre o
afastamento de Cunha e criticou o PSOL, que protocolou no Conselho de
Ética uma representação para que o presidente da Câmara seja investigado
por suposta quebra de decoro parlamentar.
"O PSOL está ali para servir o PT. Eu lanço um desafio. Se o PSOL
assinar o pedido de impeachment, eu assino com eles o pedido de cassação
de Eduardo Cunha", afirmou. (G1 São Paulo)
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