O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), montou o mapa da guerra que promete travar em seu partido para tirar Michel Temer do comando nacional do PMDB.
Aliados do peemedebista dizem que ele passou a arregimentar apoio entre dirigentes estaduais da sigla para tentar mitigar a influência interna do vice-presidente da República, que dirige o PMDB desde 2005.
Renan, que dirige o partido em Alagoas, acredita que, como agora a direção da sigla no Rio de Janeiro se tornou aliada de Dilma Rousseff contra o poder de Temer na legenda, tem chances de derrubar o vice.
A ofensiva do senador já teria hoje o apoio de dirigentes do partido em Estados como o Ceará, Paraná, Piauí, Amazonas e Pará, além do Rio.
Se não houver uma composição, o embate entre os grupos de Temer e Renan se dará em março, quando o PMDB fará sua convenção nacional.
Aliados do vice minimizam o peso da investida do senador e dizem que Renan trabalha para enfraquecer e tirar Temer do comando do PMDB há mais de uma década.
Eles ressaltam que não é a primeira vez que o senador e o vice se estranham em praça pública e lembram episódios em que Renan "traiu" Temer. Citam, por exemplo, que em 2005 o senador apoiou a candidatura de Aldo Rebelo à Presidência da Câmara, em detrimento da postulação de Temer.
O grupo do vice diz ainda que não planeja um contraataque à articulação de Renan pois, agora, é preciso dar "tempo ao tempo".
Lembram que, hoje empoderado pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que deu ao Senado a palavra final no impeachment, Renan começou a última semana fragilizado, vendo aliados serem alvo da Polícia Federal num operação filhote da Lava Jato. Nesse raciocínio, asseguram que, "até março muita coisa vai acontecer".
DILMA
A investida contra Temer coincide com o momento em que Renan se aproxima da presidente Dilma Rousseff.
Nos bastidores, ele defendeu que a petista deveria encampar uma agenda econômica desenvolvimentista e pareceu satisfeito com a nomeação de Nelson Barbosa para a Fazenda antes, vinha criticando a agenda do ex-titular da pasta, Joaquim Levy.
Mesmo os mais próximos, no entanto, ressaltam que o alinhamento de Renan a Dilma não pode ser visto como "irrevogável". Conhecido pelo pragmatismo, Renan não deve ficar abraçado à petista se sentir que o governo não reagirá e, principalmente, se o cerco contra ele e seus aliados se fechar na Lava Jato.
O senador é citado nas investigações. Um dos delatores, Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, afirma ter pago US$ 6 milhões em propina ao peemedebista.
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